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Deveria existir um regulamento, uma regra de etiqueta, um Ato Institucional para comportamento e organização de mesas de trabalho.
Cada coisinha tem seu significado, seu objetivo e sua razão interuniversal cósmica de ali estar presente.

O copo d’água é a melhor desculpa para dar uma volta. Você está de saco cheio, começando a ficar com sono, os olhos vão ficando pesado e antes que você dê com a cabeça no teclado e passe o resto do dia com F3 F4 ___ F5 F6 marcado na testa, você pega seu copinho e já se dirige pro bebedouro, onde provavelmente encontrará outros dorminhocos que aproveitarão para reclamar das mesmas coisa: muito trabalho, pouco salário, o chefe é um merda, tá todo mundo louco pra ir embora.

É engraçado como as pessoas querem ir embora do trabalho né? Elas vão sair dali, pegar no mínimo uma ou duas horas de engarrafamento e apurrinhação de saco, para chegar em casa e ainda ter que preparar a janta, cuidar da casa, arrumar as crianças pra dormir e muito mais. Isso quando não leva trabalho para terminar em casa.

Eu admiro as pessoas que levam porta-retratos com fotos da família. O problema é para que elas servem. Se for para o trabalhador dar uma aliviada quando estiver nervoso por causa de prazo etc, ao olhar pra foto, ele está perdendo tempo! Se a foto está na mesa do chefe é para ele lembrar quem é da família quando chega para visitar. Se estiver na mesa da secretária, é para que ela não deixe a família entrar.

E tem aqueles que preferem levar bichinhos e bonecas e outras coisas infantis para “deixar o ambiente mais alegre”. Quer deixar o ambiente mais alegre? Coloca um poste, uma dançarina, um minibar pra cada um e libera a festa. Bichinhos feios com cabelos arrepiados na mesa dos outros não me deixam mais alegre.

Um porta-objetos de escritório é aceitável, afinal de contas, por mais que estejamos numa crescente da era da tecnologia, ainda se faz muito necessário uma boa caneta, um post-it, alguns clipes, um grampeador e um lápis com borracha para emergências. Mas alguém me explica quem foram os infelizes que resolveram inventar os porta-tudo? Hoje em dia é assim. Tem porta-celular. Pra quê um porta-celular? Deixa o celular em cima da mesa! Um porta-garrafa-d’água, daqueles que ficam pendurados na mesa, ao lado do miserável que o usa. Qual a dificuldade de deixar a garrafa em cima da mesa? Coloca um papel embaixo e pronto! Mas não, tem gente que gosta de complicar. Porta-pasta de notebook... O negócio já foi feito pra “portar”, mas mesmo assim, alguém filhote de chocadeira quis porque quis inventar um porta-porta-notebook!
E tem as pessoas que esqueceram completamente sua consciência ecológica e toma-lhe gastar papel. E a mesa começa a ficar com aquela cara de repartição pública com pilhas e pilhas de papel parado, juntando poeira, ácaro, mofo e outras coisas nojentas, deixando a baia com aquele cheiro de casa da vovó no começo das férias de verão, quando a casa tava toda fechada por quase 9 meses.

E quem come na mesa? Se você juntar os pedaços de comida da mesa do cara, você alimenta 46 escolas públicas e 32 creches do governo estadual. Custa muito usar um pratinho? Um guardanapo? Ou vai comer em outro lugar! E quando a refeição é gelo? Fica aquele CROC, CROC, CROC completamente insuportável e o infeliz ainda olha pro lado e fala de boca cheia, se babando “quer um?”.

Não podemos deixar de lado os aspirantes a cantores. O cara liga seu iPod, iTunes, iPhone, iQueoparta, mete aqueles fones cheios de sebo na orelha e começa o show. Vai de tudo. Desde os agudos de Twistted Sisters até um os graves de um Pavarotti. Fora de tom, óbvio. Aí, vira e mexe, começa com uns pagodes-mastiga-cotovelo, uns funk-the-best-of-the-lage, uns forrós-arrasta-a-chinela. E quando não está cantando é um guitarrista de mão cheia, ou um baterista onde todo e qualquer objeto vira um tambor ou um prato. O copo, o porta-objetos, o port-porta-notebook, o porta-porta, o teclado, a mesa, seu braço.

Foi-se o tempo em que mesa de trabalho era usada pra o trabalho...